Há alguns anos escrevi que a avaliação física não havia acompanhado a evolução de todos os outros setores de uma academia e que se compararmos com a avaliação física de 20 anos não haveria mudanças, pensem bem, a musculação de hoje em dia é igual a de 20 anos? As aulas de ginásticas, a recepção e até mesmo a gestão tiveram mudanças evidentes, mas o setor da avaliação física acompanhou esta mudança?
É muito comum ouvirmos dos profissionais de diversas áreas da educação física que a avaliação física é imprescindível para a prescrição de um treino eficiente e seguro, mas se pensarmos no mercado brasileiro esta é uma afirmação 100% correta? Todas as academias usam de forma efetiva a avaliação física? Ou até mesmo poderia perguntar, o quanto ajuda na prescrição saber que uma mulher de 46 anos executa 4 flexões de braços em um minuto? Será que não existe um teste mais apropriado para o perfil do aluno?
Felizmente estas respostas hoje são diferentes de alguns anos atrás, existe sim testes diferentes, já não é mais “obrigatório” realizar os mesmos testes para todos alunos. Alguns profissionais vêm propondo uma nova visão sobre a avaliação física, Mauro Guiseline com a avaliação multifuncional trás testes que realmente tem relevância na prescrição, principalmente do treinamento funcional, Mario Pozzi nos propõe que devemos saber adequar a avaliação a cada perfil de avaliado.
Acompanhando o mercado vejo cada vez mais ofertas de cursos e sempre com excelentes níveis de participantes, em 2008 ministrei cursos com o conteúdo sobre a gestão da avaliação física, era interessante ver a surpresa dos participantes em pensar uma avaliação física mais ampla, com informações para a academia, para o professor e para o aluno (por mais incrível que pareça a maioria dos avaliadores esquecem que a avaliação física deve ser útil para o aluno) e aos poucos as cabeças vão se abrindo!
É possível perceber os proprietários de academias dando cada vez mais importância e valorizando o setor de avaliação física, mas faço um pergunta, será que os gestores ao contratar um avaliador se preocupam em analisar o currículo relacionado a cursos e aperfeiçoamento em avaliação física? Será que o conteúdo oferecido nas faculdades é o suficiente? É comum vermos grandes professores que se aperfeiçoaram em suas áreas, seja de musculação, ginástica ou natação, mas ainda são poucos os profissionais que se especializam em avaliação física. Não há nada de errado em atuar em diferentes áreas, mas é improvável um professor ser excelente em todos os departamentos.
Vendo tudo desta forma posso dizer que existe sim uma nova avaliação física, ainda que em pleno processo de evolução, já não dá pra dizer que seja a mesma avaliação de 20 anos, não vejo como um formato ou método específico, até porque devemos lembrar do princípio da individualidade e que hoje há um gama de opções em atividades enorme e não será um único formato que atenderá todas atividades, há uma nova proposta no ar, uma valorização e um entendimento que não dá mais para ficar só no medir e testar, é preciso ir além! Mas esta evolução só vai se concretizar com a atuação de cada avaliador se preocupando em oferecer o que há de melhor aos seus alunos com um trabalho de qualidade, buscando conhecimento e se atualizando sempre.
Ricardo Camargo é Proprietário da ELEVATOfit, MBA em Marketing e Gestão de Clientes, palestrante de cursos sobre avaliação física. http://www.elevatofit.com.br/