Precisamos de mais academias com acesso para todos no Brasil. Sabemos que existe uma norma técnica da ABNT NBR 9050 que rege itens de acessibilidade e que não trata somente de acessibilidade motora, mas também diz respeito a acessibilidade para deficientes visuais e auditivos. Promover acessibilidade também passa longe de ser única e exclusivamente uma vaga reservada no estacionamento ou um banheiro maior.
Porém, infelizmente, alguns itens básicos de acessibilidade inexistem em academias de todos os tipos e portes. Ainda há uma parcela de gestores que não entende que uma academia “não precisa” ter acessibilidade para receber pessoas com necessidades especiais. Em todos os meus projetos sugiro alternativas pensando nesse público, seja pelo elevador no interior do prédio, ou pela implementação de rampas e acessos facilitados, assim como com sanitários com tamanho correto e dotado de barras de apoio, de maneira que se possa fazer uso livremente de todas as dependências da academia, independente de qualquer restrição ou limitação física do cliente.
Um deles, que pode demonstrar a importância que damos à acessibilidade, é a academia EDGE Life Sports, em Santana, São Paulo. Essa academia foi projetada para dar acessibilidade aos portadores de necessidades especiais e também para pessoas com limitações temporárias. Este diferencial em um projeto é muito importante, pois não parte de adaptações e sim de um planejamento para atender qualquer pessoa com limitações físicas.
Outro projeto foi a academia Company Gym, em Sorocaba. A equipe do escritório promoveu aos portadores de necessidades especiais e pessoas da terceira idade o acesso aos ambientes do mezanino por meio de uma plataforma hidráulica. Também aproveitamos esta instalação e a destacamos com a cor amarela. Ainda pensando na acessibilidade, projetamos banheiros com as condições ideais.
Muitos clientes me perguntam porque teriam que se adaptar se não atendem deficientes, por exemplo. Quando questionamos os fiscais e os órgãos reguladores neste sentido a resposta é: local destinado ao público deve permitir acesso e circulação total pelos ambientes, mesmo sem ser especificamente destinado aos cadeirantes e outros portadores de limitações físicas. Não existe área mínima de academia ou tipo de estabelecimento que não esteja sujeito a ser adaptado. Se pensarmos por outro ângulo, uma bela academia preparada para atender esse tipo tão especial de cliente certamente vai atrair um grande número de alunos que hoje estão excluídos pelo simples fato de não conseguirem, muitas vezes, transitar com uma cadeira de rodas dentro de alguns espaços. Vamos nos lembrar que cada vez mais há incentivos para que todos, sem exceção, pratiquem esportes e atividades físicas. Em 2016 teremos os Jogos Paralímpicos no Rio de Janeiro. Onde esses atletas irão se exercitar? Pense Nisso! E bons projetos!
Patricia Totaro
Arquiteta responsável e sócia do escritório Patricia Totaro|Arquitetura de Resultados – www.patriciatotaro.com.br