Logo que cheguei a São Paulo, em 2011, com poucos meses de trabalho com minha primeira aluna tive uma dificuldade que no início me causou medo e insegurança, mas que após superada me trouxe experiência para lidar com uma situação bastante corriqueira quando trabalhamos com a prática de exercício físico: a motivação dos alunos.
Através de uma assessoria esportiva iniciei com uma aluna. Mulher na faixa dos 30 anos, já havia praticado exercícios em academias, era ativa quando mais nova, mas estava no sedentarismo já alguns anos. Pessoa divertida, animada e muito dedicada e esforçada.
No primeiro mês tudo certo, os treinos estavam indo bem, a partir disso ela começou a ligar e desmarcar algumas aulas por motivos de excesso de trabalho ou trânsito complicado. Uma, duas, três vezes… Comecei a me preocupar, porém repúnhamos as aulas perdidas, então ainda continuava tudo sob controle. Até o momento que o número de faltas continuou e eu comecei a perceber que havia algo além de excesso de trabalho ou falta de tempo. Era hora de mudar, ou melhor, já havia passado a hora de mudar, caso contrário, tenho certeza que teria perdido minha aluna.
Comecei então a procurar algo que se identificasse com ela, como os exercícios que ela já havia me falado que gostava de fazer na época que fazia academia. Não foi absolutamente nada mirabolante, pelo contrário, foi a velha aula de Jump. Bastou introduzir alguns momentos de movimentos das aulas de Jump nos treinos (como aquecimento, intervalo entre exercícios de musculação) com uma música animada que a motivação da minha aluna voltou e a frequência não caiu.
É interessante notar que a quantidade de ideias novas que aparecem no mercado fitness é enorme. Sempre estão lançando algo para motivar as pessoas. Cada época vigora uma moda de alguma modalidade que promete resolver todos os seus problemas. Porém, o que aprendi com essa minha primeira aluna foi que modificar e apresentar sempre coisas variadas, mesmo que não seja a modalidade da moda, basta ser algo que ela gosta e sente prazer em fazer, pode garantir níveis maiores de motivação, o que é convertido em frequência nos treinos.
A partir dessa primeira modificação na forma que vinha trabalhando comecei a mudar, sem deixar de lado o objetivo do treino e as características do cliente. A cada duas semanas ou mesmo a cada semana, dependendo do aluno e do objetivo, os exercícios são diferentes. Com isso, a motivação se manteve elevada e, consequentemente, os resultados foram melhores. Neste caso em especial, a sensação dela ao chegar a cada semana de treino e não saber o que a esperava aumentava sua motivação.
Há quem possa criticar, mas é apenas uma ideia, comigo e com meus clientes funciona. Outras pessoas já podem ser mais conservadoras, não se importar tanto em realizar os mesmos exercícios e não gostar de mudanças. Por isso somos Personal Trainer, para conhecer o aluno, fazer os ajustes necessários para mantê-lo motivado e atender às suas expectativas de forma diferenciada.
Nem sempre o cliente fala diretamente o que está pensando ou querendo, por isso, é necessário prestar muita atenção aos detalhes de pequenas atitudes ou durante as conversas. Durante as aulas ele pode demonstrar como está o nível de motivação e satisfação. Modifique sempre que necessário e aproveite toda oferta de exercícios físicos e métodos de treinamento que temos no mercado atualmente para elabora os treinos conforme os objetivos e gostos do seu aluno, sem deixar a motivação dele cair.
Nivia Junqueira é Personal Trainer, Pós-Graduada em Medicina do Esporte e da Atividade Física. niviajunqueira@gmail.com ; http://www.niviajunqueira.com