Essa organização de trabalho em hierarquias, que distribui pessoas em baias e cubículos isolados em frente a um computador não desaparecerá por completo, mas, aos poucos, veremos outras opções entrando em cena. E você precisa estar preparado.
O título deste artigo é o mesmo do segundo livro de Ricardo Semler, cuja leitura recomendo, se você estiver preparado para pensar diferente, pois vejo muita gente querendo mudar, mas não dá um passo sequer na direção da mudança. São pessoas que ficam sempre reclamando dos resultados e fazendo as mesmas coisas. Entendo que seja difícil mudar, mas é INSANO querer resultados diferentes fazendo as mesmas coisas. Essa frase está batida, mas deveria entrar nas cabeças das pessoas que desejam, de fato, mudar resultados.
Vejo muitas pessoas dando desculpas, como falta de tempo e de dinheiro. Dizem que moram em cidades distantes, sem acesso a cursos etc. Mas hoje em dia é inadmissível esse tipo de discurso, pois temos toda a tecnologia em nossas mãos.Toda informação disponível na internet, além dos mais variados formatos de cursos, consultorias e palestras via web.
Percebe-se, claramente, a dificuldade de algumas pessoas em se adaptar ao novo, deixando o velho modelo para trás.
Ricardo Semler é um empresário que ministra palestras em mais de 170 eventos pelo mundo. É muito lembrado no meio empresarial mundial e considerado uma referência, precursor da ideia, hoje em dia tão aclamada, de empresa progressista. Apesar disso, ele é pouco citado como modelo inovador em gestão nos cursos de administração em nosso País.
Acredito que eu e você saibamos a razão disso. Uma pessoa assim, tão revolucionária, vai contra os interesses de muita gente. Ele provou que esse modelo de gestão humanista e progressista é viável, em todos os sentidos. Que é possível confiar em seus colaboradores e acreditar que eles farão o melhor, ou seja, que irão se comprometer e assumir a responsabilidade pelos resultados. Claro que esse modelo de Gestão põe abaixo a TEORIA X, que acredita que as pessoas só trabalham se forem controladas e severamente punidas, conceito de 100 anos atrás (Fayol, Weber, Taylor).
No livro, ele conta sua trajetória e as mudanças que promoveu no relacionamento com seus colaboradores. Criou, entre outras coisas, a quarta-feira OFF, que consiste em um dia da semana que qualquer colaborador poderia tirar de folga para cuidar de sua vida pessoal.
Antes que você faça a pergunta baseada nos preceitos da ERA INDUSTRIAL: “Mas a empresa não parou? As pessoas saíram sem dar satisfação?”, já vou respondendo: como o foco do negócio migrou do controle HORA/HOMEM (ERA INDUSTRIAL) para foco em RESULTADOS e PRODUTIVIDADE, claro que somente os colaboradores que estavam com o trabalho em dia saíram, de fato, às quartas-feiras. Cada um sabia da sua responsabilidade. Ricardo menciona no livro que nunca teve problemas com suas equipes, e a empresa hoje é uma das mais rentáveis e lucrativas.
Ricardo é um precursor das empresas progressistas e já pensava assim e aplicava esse conceito em suas corporações desde 1973. Ele também não se conformava que seus colaboradores tivessem de se deslocar horas no trânsito para irem ao trabalho. Muitos trabalham em casa ou em escritórios próximos de suas casas, que eles fecham parcerias, usando a tecnologia em favor do bem-estar de seus colaboradores, e assim também contribuindo para tirar veículos do congestionamento de nossa cidade.
Portanto, o modelo de gestão atual que conhecemos não é mais o único. Essa organização de trabalho em hierarquias, que distribui pessoas em baias e cubículos isolados em frente a um computador, controlando jornada de trabalho e remunerando por salário fixo, claro que não desaparecerá por completo, mas, aos poucos, veremos outras opções entrando em cena. E você precisa estar preparado.
Não estou falando somente da inovação do modelo HOME OFFICE (trabalhar em casa), que, na realidade, muda apenas o lugar, mas continua o mesmo modelo de gestão com a hierarquia e com sensível aumento das conference call (reuniões por telefone).
A mudança será ampla, não só com a introdução cada vez maior da tecnologia ajudando o trabalho e o estudo, mas também na maneira como lidamos com o que consideramos local de trabalho e hierarquias, culminando na maneira como as pessoas serão remuneradas. Logo, veremos a remuneração ser realizada por produtividade e não mais pelo tempo ou presença física do trabalhador. Passaremos a dar mais importância ao conhecimento, à estratégia e ao planejamento, e veremos trabalhadores muito mais comprometidos e responsáveis, pois saberão que o seu trabalho é fruto direto da sua competência.
Portanto, deve ter seus dias contados o modelo de trabalhador que espera o final do mês para receber o salário, que ele acha ser merecido; o trabalhador que culpa o patrão pela falta de condições ou pelo fraco resultado. Será um novo momento, com pessoas proativas, independentes e, com certeza, mais felizes. Ninguém mais será tratado como adolescente, e os “gritinhos do chefe” deixarão de existir, porque agora é: VOCÊ FRENTE A FRENTE COM VOCÊ MESMO E SEUS RESULTADOS.
Você está pensando que estou delirando no MUNDO MARAVILHOSO DE UM FUTURO DISTANTE, mas muito antes do que você imagina estará vivendo essa situação.
Trabalharemos por projetos, envolvendo várias pessoas e não departamentos. E ao finalizar o projeto, começa-se outro, talvez em outro lugar e com outras pessoas. Apenas participa quem tem as competências necessárias. E a responsabilidade é dessa equipe, rompendo assim com a barreira do departamento, e, vou mais longe, com as barreiras físicas gerais, não só de salas, mas de países. E aí entra a nova geração que já vem com o DNA da tecnologia e das redes sociais. Eles sabem trabalhar com equipes mesmo que não conheçam as pessoas.
Portanto, os profissionais terão de pensar sistemicamente, sendo mais empreendedores e inovadores do que aquele trabalhador que fica contando as horas para acabar o seu dia de trabalho. Terão de ser os responsáveis pela sua carreira e seu futuro, apresentando seus serviços, vendendo, divulgando, cuidando da sua reputação, pagando plano de previdência privada, plano de saúde etc. Esse novo modelo requer muita coragem, pois você só abrirá mão do passado se não tiver medo do desconhecido.
BEM-VINDO À ERA DO COMPROMETIMENTO!
Marynês Pereira é Business & Career Coaching pela Sociedade Brasileira e palestrante certificada da DDI Development Dimensions International. É Diretora- Executiva da Provider Solutions desde 2003. marynes@providersolutions.com.br www.providersolutions.com.br