Em meu artigo anterior, eu fiz um convite à reflexão sobre o que estamos fazendo em plena Era do conhecimento. Afinal, nossos iPads dizem que estamos mais sábios ou apenas escondem o fato de que a maioria de nós ainda está na Era industrial? Por favor, guarde sua resposta por alguns instantes.
Temos uma irritante tendência a repetir. Pensamentos, comportamentos, rotinas, atitudes, tudo de novo e de novo. Existem alguns estudos que comprovam que um percentual absurdamente alto de nossos pensamentos são recorrentes. Praticamente tudo o que você pensou hoje já havia pensado ontem, e anteontem. Quando foi a última vez que você fez uma coisa nova, original e inesperada? Nossa rotina de pensamentos nos leva ao um ciclo de tédio e um estoque de desânimo que normalmente eclode em depressão em um domingo à noite.
Na sua empresa, você certamente possui um departamento financeiro, um de marketing, um comercial e cada um com uma sequência hierárquica que deixa claro quem manda e quem obedece. Você sabia que esse modelo foi proposto por Taylor e Fayol há nada menos que 100 anos? Isso mesmo! Estamos insistindo em administrar nossas empresas do mesmo modo há 100 anos!
E se a sua empresa já atingiu um certo nível de maturidade, você provavelmente já deixou que ela se sobressaísse ao seu negócio, e essas são más notícias. Um negócio é algo brilhante, vigoroso algo que salta seus olhos e te dá vontade de fazer. Nós somos empreendedores e em algum momento de nossas vidas, tivemos uma ideia, enxergamos uma oportunidade e tivemos coragem de seguir nossos instintos para ver nossos sonhos se concretizarem. Em seguida vem a empresa, que é uma estrutura que deveria apoiar o seu negócio, mas que, não sei porque, em algum momento, ela se torna mais importante que tudo em nossas vidas, mais importantes que nossos negócios, mais importante que nossos clientes. Nos envolvemos em um mar de controles e burocracia que só serve para sustentar a própria estrutura e, com sorte, nossos mimos.
E é aí que nosso instinto repetidor fala mais alto e, quando menos esperamos, estamos mergulhados em uma planilha de excel para descobrir que valeu a pena comprar cloro por 12 centavos a menos de um novo fornecedor, se nossos colaboradores chegaram na hora, quanto está a inadimplência e se estão economizando desinfetante. Tudo que fazíamos há 100 anos! Porém, agora em nossas salas através das nossas iTralhas, ou se você fizer boas escolhas de colaboradores e parceiros, conseguirá fazer isso de casa.
Não me entendam mal! Não estou aqui pregando gestão anarquista, tampouco desmerecendo o esforço nosso de cada dia em salvar o suado dinheirinho. O problema que eu vejo é SÓ fazer isso, como uma máquina. Nós temos tudo o que precisamos para enxergar nossos negócios de forma sistêmica. Podemos entender profundamente o que acontece dentro do nosso time, entender profundamente o que acontece com nossos clientes, além de não perder de vista os bons e velhos controles.
Estou propondo que usemos a tecnologia que temos disponível para compreender de forma profunda que nossos negócios não são máquinas. Eles são feitos de pessoas, e essas pessoas -clientes e colaboradores-, precisam de nossa atenção não mais nem menos que os controles financeiros e planilhas. Vamos compartilhar nossos anseios, dúvidas, expectativas, reunir e celebrar conhecimento de forma que sejamos capazes de fazer diferença verdadeira na vida de cada uma dessas pessoas. E vamos fazer nossos controles, compartilhar os avanços e retrocessos, vamos deixar que a tecnologia automatize o trabalho repetitivo e vamos usar nosso tempo para viver de forma mais criativa, original e prazerosa, incentivando e educando nosso time a lidar com gente e não com máquinas.
Seu negócio não é um conjunto de engrenagens. Ele é um organismo vivo.
Agora sim, após esta breve reflexão, responda: Em que Era você está?
Valério Ferreira é Empresário – Sócio fundador da W12 Inovações Tecnológicas – valerio@w12.com.br – www.w12.com.br