As academias absorvem cerca de 60% a 70 % dos profissionais de Educação Física que entram no mercado, pois uma academia precisa de muitos professores para atender a grande demanda de clientes. Stinghen, Hreczuck, Fonseca, Haas e Molleta (2012) em seu estudo mostraram que 48,83% dos graduandos Bacharéis em Educação Física da Universidade Federal de Curitiba atuam em academias. Dentre outras causas apontadas, o volume de demanda por mão de obra neste segmento pode ser fator de influência na escolha do segmento pelos alunos, o que reafirma o exposto por Costa (2004) na publicação Atlas do Esporte.
Toda empresa tem processos e critérios para a seleção de seu quadro de funcionários, sejam estes para a escolha de um profissional ou de um candidato a estágio. No geral, ambas são divulgadas em anúncios de jornais, sites especializados entre outros meios. Venlioles (2005) coloca que existem etapas para o recrutamento e seleção que passam por: anúncio nos meios de comunicação, escolha dos currículos, recrutamento, dinâmica, entrevista e a seleção do candidato. Atraindo assim vários perfis de candidatos. Cabe à empresa definir quais os critérios necessários que o futuro estagiário deve apresentar para ocupar a vaga.
Martins, Almeida e Dornelles (2012) dizem que a técnica de seleção varia de cargo para cargo e a função do candidato dentro da organização, salientando que os recrutadores devem estar sempre atualizados, revendo seus instrumentos, revisando o perfil exigido dos candidatos e a missão da empresa, desta forma evitando erros e gastos desnecessários na contratação. Nanis (2003) reforça essa ideia dizendo que a falta de critérios e instrumentos são motivadores do fracasso no recrutamento, e de perdas financeiras. Procedimentos como os descritos acima, são percebidos em vários ramos de empresas, e nas do ramo fitness não são diferentes. Os critérios de seleção nestas empresas são bastante distintos, geralmente tendo início na análise de currículo, dinâmicas de grupo, provas teóricas e provas de desempenho. Temos a impressão que processos longos e dispendiosos são apresentados em empresas fitness de grande porte por serem mais estruturadas e em sua maioria contando com um setor de RH. Entretanto, nem sempre essas empresas lançam mão de um setor de RH especializado para descrever os critérios e processos de seleção, como expõem Castinheiras Neto (2004), quando analisou a seleção profissional de cinco empresas de grande porte no RJ e somente uma contava com um psicólogo para realizar a seleção juntamente com um profissional de Educação Física. Nas demais, somente o profissional de Educação Física era o responsável pela seleção.
Chiavenato (2010) diz que o processo de seleção não deve ser realizado somente por um único profissional, e sim contar com especialistas e psicólogos desta forma fundamentando o processo por meios mais fidedignos.
Amorim, Ferreira, Farias (2014) perceberam também essa falta de profissionalismo nas empresas fitness da cidade do RJ, neste caso os autores analisaram a contratação de estagiários e somente 6,25% das empresas estudadas, utilizam o setor de RH para as definições dos critérios de seleção e 18,75% fazem a ação conjunta do profissional de Educação Física com o setor de RH para a seleção da vaga de estágio.
Parece que as empresas demonstram não acreditar que uma avaliação mais minuciosa de um profissional especializado em RH, as chances de sucesso na contratação de um estagiário/ ou profissional que realmente pertença ao perfil desejado pela empresa seja mais assertivo e assim diminuindo os custos pela procura de mão de obra e acelerando o processo de contratação como expõem Nanis (2003).
Sendo qualidades como: Pró -atividade, interesse, comprometimento e relacionamento interpessoal, características que saltam aos olhos das empresas de fitness na hora da contratação, acreditamos que é difícil essa análise com os instrumentos subjetivos apresentados pelas empresas hoje e a baixa utilização de um profissional especializado em RH para esse processo demonstra uma forma amadora de contratação e gerenciamento de pessoal. Deixar essa responsabilidade, somente nas mãos do profissional de Educação Física, acredito não ser o melhor caminho, o que torna o processo ainda mais subjetivo e amador, haja vista que esse profissional não possui em seu arsenal de conhecimentos técnicos, gabarito para tal análise.
Rafael Fernandes é Especialista em ADM e MKT esportivo; Especialista em gestão de empresas de fitness e wellness; Ex-Gestor do Conselho Regional de Educação Física-CREF1- Unidade Barra/Recreio/JPA e Vargem Grande e Pequena; Professor de Educação Física (CREF 027635); Graduando em Processos gerenciais; Mestrando em Administração Estratégica na IBMEC; Coordenador de atividades físicas da academia Jungle Gym Brazil – Barra/RJ Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/9268675559198932 – Tel:(21) 982771238