Apesar de aprovarem as academias de ginástica instaladas em bairros da capital pela Prefeitura de Belo Horizonte desde o ano de 2009, usuários dos equipamentos reclamam da ausência de educadores físicos para auxiliar na execução dos exercícios. Especialistas concordam que o ideal seria a existência nesses locais de profissionais habilitados para orientar a população. O secretário municipal de Esporte e Lazer da capital, Patrick Neil Drumond Albuquerque, afirma que a prefeitura não descarta a hipótese de disponibilizar os educadores nas academias e estuda uma possibilidade para isso. No entanto, ainda não há data para a contratação.
“Nunca vi treinador aqui. Eu tento ajudar o pessoal, falo para que eles tomem cuidado com a coluna, mas nem todo mundo gosta. Acho que um treinador poderia vir aqui pelo menos duas vezes na semana”, disse o aposentado Carlos Chagas Lacerda, 73, frequentador de uma academia no bairro Nova Suissa, na região Noroeste.
A equipe de reportagem de O TEMPO percorreu locais que possuem o projeto Academia a Céu Aberto e encontrou usuários reclamando da falta de orientação. “A maior parte das pessoas se queixa que não sabe se está fazendo os exercícios de maneira correta”, contou o aposentado José Chagas, 80.
Valdevino Quaresma, 69, se exercita em uma academia no Lourdes, na região Centro-Sul. “A gente faz muita coisa porque acha que está certo, mas não tem ninguém para checar”.
Necessário. Para o educador físico Fernando Antônio Sander, a ausência de profissionais torna o projeto, que é bom, um “presente de grego”. “Muitas pessoas não têm noção de qual exercício deve ser feito primeiro. Além disso, não se sabe a repetição correta, nem a velocidade ou os ângulos adequados”, explicou.
Segundo ele, a realização de exercícios inadequados pode causar problemas na coluna. Pessoas doentes também precisam de orientação antes de iniciar atividades físicas.
Esse é o caso da aposentada Cleusa Teixeira, 82, que desde abril frequenta uma academia no bairro Nova Suissa. A idosa tem uma prótese no joelho e uma lesão no dedo mindinho. “Sinto falta do treinador, poderia me ajudar”, afirmou.
A professora da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Kátia Lemos destacou que as pessoas que já apresentam patologias, como desvio postural ou lesões no joelho ou tornozelo, podem ter os problemas agravados.
A assessoria de imprensa da Secretaria Municipal de Esporte e Lazer (Smel) informou que os especialistas da pasta consideram que os riscos são mínimos. Conforme a nota divulgada, os aparelhos não trabalham com sobrecarga de peso.
Segundo a Smel, a execução é realizada apenas com a carga do próprio corpo. Também não há amplitude no movimento que gere riscos tão intensos.
Raio X
Equipamentos. A capital tem atualmente 253 academias instaladas. Até 2016, esse número deve chegar a 492. A instalação de cada unidade custa, em média, R$ 25 mil.
Fonte: http://www.otempo.com.br/cidades/falta-orienta%C3%A7%C3%A3o-em-academias-1.930703