As pessoas se comportam como predadoras. Como que se para sobreviver sempre precisassem destruir algo ou alguém.
O título pode parecer estranho ou parecer remeter você a algum tipo de religião. Mas asseguro que esse tema não tem nada a ver com a sua fé religiosa e, em nenhum momento, farei menção a isso.
Quando uso a palavra Primitivo, quero ressaltar o comportamento instintivo relacionado ao cérebro reptiliano e às memórias armazenadas ao logo de anos ou milhões de anos em nosso DNA, mas que ainda hoje reforçam algumas crenças e paradigmas.
Divino refere-se ao comportamento ético que pratica valores virtuosos e que acredita na força que o todo tem sobre as partes. É o comportamento reflexivo que pensa antes de agir. É a atitude e pensamento sistêmico que se preocupam com tudo e todos, analisando as consequências de cada ação.
Mas vamos detalhar um pouco mais algumas atitudes primitivas ainda presentes em pleno século XXI, ressaltando duas crenças mais comuns:
1. Acreditar que para SER é preciso TER.
Na época das cavernas, o OGRO trazia a caça para dentro de seu habitat como garantia de alimentar sua família, mas, ao mesmo tempo, manter sua fêmea frágil e dependente ao seu lado.
Como esse comportamento primitivo se reflete atualmente?
Ainda nos dias de hoje, podemos encontrar alguns homens que acreditam que, quando ficam mais velhos, precisam dar carros, joias, casa grande e muito dinheiro para terem as fêmeas ao seu lado, pois se não for assim, correm o risco de ficarem sós.
É claro, não podemos afirmar que se trata da maioria, mas também não podemos negar que isso é lugar comum, especialmente, nos países do terceiro mundo, onde a desigualdade entre os sexos faz com que homens tenham salários 45% superiores aos das mulheres. Nesta condição, podemos encontrar também algumas mulheres que acham mais fácil casar ou manter relacionamentos com homens ricos e poderosos, que lhes darão segurança, status e poder, do que elas mesmas terem de batalhar para conseguir tudo isso.
Com isso, pagam qualquer preço, mesmo que seja a sua felicidade e realização para TER. E assim a relação parasitária se consolida. Relação mantida em tempos passados entre o senhor de engenho, sua esposa e a escrava preferida que lhe servia.
Muitos crimes passionais são cometidos por homens que, ao terem uma relação finalizada, sentem-se no direito de reaver a antiga propriedade (a mulher) ou destruir (matar).
E como seria o comportamento divino?
As pessoas estarem juntas por amizade, amor, companheirismo, e não para dividirem os bens materiais. Para criarem filhos amados e desejados, e não para que os mesmos se tornem pivôs de chantagem em separações judiciais.
Relacionamentos onde haja o respeito entre ambos e onde as pessoas vivam com interdependência, tendo suas próprias vidas, e sigam trabalhando e crescendo profissionalmente, mas com muitos momentos em comum. Onde não existe a o sentimento de propriedade um do outro, ou melhor, o pensamento de se achar dono do outro, mas sim terem espaços compartilhados, onde ambos torcem pelo sucesso e felicidade um do outro. O amor incondicional.
Isso é possível e existe, apesar de ainda hoje termos menos relacionamentos que possamos considerar saudáveis. De acordo com as estatísticas, 50% dos casamentos terminam até o terceiro ano.
2. É preciso destruir para vencer
Esta crença é proveniente da época das grandes descobertas e do período extrativista.
Como esse comportamento primitivo ainda hoje se reflete?
As pessoas se comportam como predadoras. Como que se para sobreviver sempre precisassem destruir algo ou alguém. A eterna batalha dos gladiadores escravos da Roma antiga.
Precisam sempre ganhar mesmo que, para isso, destruam o planeta, arrumem confusão no trânsito, inimizades no trabalho. O importante é que levem vantagem sempre. Os outros não importam. Vivem na arena de guerra e são cheios de “manhas e artimanhas”.
Não ajudam ninguém, agem em prol de si mesmo. A palavra parceria é de mão única e apenas em sua direção. Seu “mantra”: “Eu ganho…nós perdemos”.
Acreditam que precisam ser mais e mais ricos. Mas aqui me refiro à riqueza que retém, avarenta, egoísta e que não compartilha. É a pessoa que pensa que se compartilhar irá perder, que ficará menos rico.
Precisa explorar os pobres, os menos favorecidos, para, só assim, se sentir RICO.
E como seria o comportamento divino?
Pessoas que acreditam que o todo é mais importante e forte do que as partes. Compartilhar para receber. Onde existe um fluxo contínuo em equilíbrio entre dar e receber. As pessoas colaboram entre si, ajudam umas às outras, confiam. Acreditam em um mundo de possibilidades e oportunidades, que é importante ser próspero, pois, a riqueza proveniente da prosperidade é multiplicadora e envolve e ajuda muitas pessoas.
E você? Em que acredita? No Primitivo? Ou no Divino?
Reflita.
Marynês Pereira é Business & Career Coaching pela Sociedade Brasileira e palestrante certificada da DDI Development Dimensions International. É Diretora- Executiva da Provider Solutions desde 2003. marynes@providersolutions.com.br www.providersolutions.com.br