Devemos usar termologias mais amplas e profissionais dentro da academia. Portanto, como não devemos buscar “alunos”, também devemos tratar nossos serviços como treinamentos e treinos e não como “aulas”.
Nos tempos atuais em que dedicamos uma maior preocupação com a gestão eficiente, visando ganho de lucratividade, percebemos uma lacuna grande por parte de algumas academias fitness em determinar uma terminologia mais profissional e correta ao tratar assuntos externos e internos que envolvem a academia em geral. Como, por exemplo: termos como “malhar, alunos, aulas, professores, personal, batata da perna, fazer abdominal para eliminar barriga, uso de bombas, treinar braço, treinar perna etc.”. Tais termos podem até ser usados por clientes, frequentadores de academias fitness, mas jamais por profissionais que trabalham nessas empresas. O uso correto da terminologia está diretamente ligado à eficiência e ao profissionalismo de uma gestão séria e competente.
Diversos artigos já tratam com total seriedade da visão de que precisamos tratar nossos alunos como clientes. E devemos sim, tratá-lo como clientes. Afinal, eles querem e buscam se satisfazer com serviços de uma academia, da mesma forma como desejam isso de qualquer outra prestação de serviço. O cliente, ao optar por uma academia, efetua o seu pagamento, buscando ter seus objetivos e suas expectativas alcançadas. Ou seja, algo simples, como ser bem atendido, ter profissionais que cuidem da elaboração de treinamentos, encontrar a academia organizada e limpa, bem como equipamentos em funcionamento, treinadores bem preparados, recepcionistas atenciosas, vestiários em ordem etc.
E assim, ao tratar clientes como clientes, é que devemos usar termologias mais amplas e profissionais dentro da academia. Portanto, como não devemos buscar “alunos”, também devemos tratar nossos serviços como treinamentos e treinos e não como “aulas”. O termo “aula” está direcionado para escolas, para ensinar e aprender. Clientes podem se referir aos treinamentos como aulas, mas se o mesmo termo for empregado por profissionais da área fica caracterizada uma forma banal de se referir ao trabalho realizado. Nessa linha, também considero que no âmbito do treinamento o indivíduo ligado à elaboração e ao planejamento desse treino seja conhecido como treinador e não como “professor”.
Até podemos compreender que com o avanço das redes sociais, a língua portuguesa está ficando um pouco esquecida e deixada de lado, mas se queremos uma academia fitness com profissionalismo e com um olhar no futuro, é fundamental agir como tal. Agir com seriedade é sim um fator de diferenciação. E não somente isso: deve ser uma obrigatoriedade na área de educação física, que rege e dirige uma academia fitness.
Em diversas visitas a academias, vejo com clareza essa falta de domínio de terminologia por parte de secretárias, colaboradores e até mesmo de coordenadores, que ainda insistem em tratar seus clientes como meros alunos e ainda têm a visão de que seus maiores concorrentes são as academias de seu bairro. Não está relacionado a termos, mas sim em conhecimento, abrangência e conceitos sobre o mercado atual e o mercado fitness, de apontar e descobrir o seu verdadeiro concorrente. E após descobrir isso, é preciso planejar o marketing buscando a atração de clientes baseada nesse levantamento, afinal, sabemos que cerca de 95% da população brasileira não estão matriculados em nenhum centro para prática de exercício físico, como as academias.
Às vezes, se acredita fielmente que a evolução vem seguida de tecnologia, de internet, de redes sociais, de marketing e de propaganda. Não que isso não faça parte de um processo evolutivo, mas depositar as esperanças somente nisso é desacreditar no seu próprio esforço. Devemos entender que as terminologias são seguidas de conhecimentos, e com elas vem a elaboração de um planejamento, assim como foi dito no termo aluno-cliente. O simples fato de mudar o termo de aluno para cliente se altera toda uma metodologia de abordagem, técnicas, conceitos, métodos, significados e até de posicionamento inter-pessoal.
Assim, o mesmo vale para o termo aula-treino ou até o termo malhar-treinar. O termo treino, na sua abrangência de treinamento, é muito mais amplo e rico em estudos científicos e em sua elaboração e aplicação para se obter resultados em aspectos como condicionamento físico, emagrecimento, bem-estar, prevenção, melhorias estéticas e de perfomance. E todos eles são os objetivos de 99% dos clientes que aderem a uma academia fitness.
Quando falamos sobre assuntos que envolvem as questões de profissionalismo em academias, fica claro que esse segmento vem crescendo de uma forma rápida em nosso País, mas assim como se faz uma grande academia, bem estruturada, com bons profissionais, também se ergue pequenas academias. E pequenas não somente em tamanho, mas em total falta de ética e administração. São empresas dirigidas por profissionais que veem o negócio como arma, assim como educação física como entretenimento. Ou seja, fazem de suas academias um negócio barato, tentando conquistar clientes por preços baixos e com serviços de má qualidade. Com toda certeza, são pessoas que utilizam, e muito, de terminologias populares. Por isso, essa ligação se torna importante, pois ligamos totalmente o uso correto de termos e maneiras de falar e escrever à competência da entidade ou até mesmo do profissional. Os bons são nutridos de conhecimentos e sabedoria e os utilizam em seu dia a dia, correlacionando tudo ao seu favor.
Daniel Silva é Bacharel em Educação Física pela Univ. Estadual de Londrina, Personal Trainer e Proprietário da Enforma – Fitness Studio enformafitness@hotmail.com