Nos negócios, assim como em qualquer esporte coletivo, é preciso valorizar os pontos fortes e desenvolver os pontos fracos. Baseado em números, sabe-se exatamente o que precisa ser melhorado e o que pode ser cada vez mais explorado como vantagem. São as vantagens que podem gerar a identidade que diferencia o time e o negócio.
Muito comum no meio científico, quando é preciso reduzir o homem a uma característica que se possa dar ênfase. Tais distorções do todo é que permitem a ciência existir. Com o reducionismo se determinaram os padrões generalizados para classificar e dizer que existem quatro gerações no mercado de trabalho nos dias atuais.
A divisão de grupos de idade e de características nos mostra comportamentos, expectativas e anseios comuns aos grupos passíveis de generalização. A diferença no contexto da empresa consiste, basicamente, na necessidade de dar tratamento pessoal. Mesmo no percentual dos funcionários da geração Y, cada um trás consigo hábitos familiares, religiosos, entre tantos outros que fazem deles muito mais do que tecnologicamente superiores, capazes de entendimento global, com pressa por crescimento na carreira, multitarefeiros e atentos em conciliar a vida pessoal com a profissional. Até podem ter muitas das características de sua geração, mas cada ser humano sempre será mais do que conseguimos analisar em uma entrevista, apreciar em uma experiência ou mesmo compartilhar em um período de tempo trabalhando ao seu lado. A esmagadora maioria dos funcionários de todas as empresas tem mais talento para empregar do que conseguem.
A ausência de identidade e clareza desta para todos os níveis da empresa gera divergências exageradas na percepção de todos os “stakholders”. Como na historinha dos cegos que foram conhecer o zoológico. Depois de terem conhecido todos os animais, tocando-os, sempre acompanhados pelos tratadores, tocaram os mais calmos normalmente e os mais ferozes anestesiados. Quando se aproximava o momento dos portões serem fechados, faltava apenas o elefante, e para ganhar tempo, cada um tocaria uma parte do elefante e compartilharia sua percepção com os demais. Eram quatro deficientes visuais, que, colocados um ao lado do outro, começaram a experiência.
O primeiro tocou o rabo e deu seu parecer: “- Nossa! Este bicho é realmente muito interessante. Parece uma cobra molinha”.
O segundo tocou a perna e compartilhou: “- Que intrigante! Este animal parece um tronco de bananeira”. O terceiro, ao tocar o dorso, deu sua opinião: “- Concordo que este bicho é diferente de todos que já conhecemos! Parece uma parede”. E o quarto, tocando a orelha, arrematou: “- Que coisa estranha! Para mim, ele parece uma folha de bananeira”.
Deixar clara a “Big Idea”, aquela expressão ou palavra única que define o seu negócio, alinhar tudo o que se faz a esse conceito, do propósito a missão, visão, valores e atitudes dos líderes. Contratar as pessoas que possam materializar esse conceito pode acelerar tudo o que se faz, e ganhar de presente mais dinamismo nas rotinas de trabalho e sinergia no planejamento e realização das ações e projetos.
Fazendo um paralelo com um jogo de futebol, todos sabem que o objetivo em uma partida é marcar gols. Agora como se marca gols contra um determinado time e se protege dele é um trabalho que antecede ao jogo. O técnico, com a visão do todo, olha onde o time está se desempenhando melhor e movimenta os jogadores para buscarem mais as laterais ou a região central etc. Tais informações são baseadas no “scout” dos jogadores e na constante apuração dos números.
Nos negócios, assim como em qualquer esporte coletivo, é preciso valorizar os pontos fortes e desenvolver os pontos fracos. Baseado em números, sabe-se exatamente o que precisa ser melhorado e o que pode ser cada vez mais explorado como vantagem do time. São as vantagens que podem gerar a identidade que diferencia o time e o negócio. E assim como nos times, mesmo contra um adversário conhecido e estudado, quando os jogadores vão além de suas características mais marcantes, claras para cada técnico ou companheiro, é que surpreendem e conquistam vitórias mais significativas. Por isso, sugiro encorajar a manifestação da parte que não vemos!
Afinal, como disse Platão: “ – A parte que ignoramos é muito maior do que tudo quanto sabemos!”
Guilherme Moscardi é consultor de Gestão de Pessoas, pesquisador do GEPAE-USP, coautor do livro “Ser Mais Saudável e Melhorar Seu Bem Estar” e Sócio da Esistere. guilherme@esistere.com.br www.esistere.com.br