Quem pensa em ingressar na área, além da parte burocrática é preciso ficar atento ao mercado e em como administrar o negócio para fazê-lo dar certo.
O número de academias em Goiás cresceu consideravelmente nos últimos anos, de acordo com dados do Conselho Regional de Educação Física, hoje, só na Capital existem 874 academias, levando em consideração os dados do ano de 2012, é um crescimento de 21% em comparação a 2013. No ano de 2011 eram aproximadamente 429 e em 2012, 692. De lá pra cá 180 novos estabelecimentos foram registrados.
De acordo com o presidente do Conselho Regional de Educação Física (Cref 14/GO-TO), Rubens dos Santos Silva, o Brasil é o segundo país com maior número de academias no mundo, perdendo apenas para os EUA. Ele retribui o aumento significativo das academias, a vários fatores, um deles é a visibilidade maior da Educação Física, do reconhecimento e incentivo da prática de atividade física como algo positivo pela mídia, médicos e outros.
De acordo com o portal de notícias do Sebrae, no Brasil o número de academias aumentou certa de 133% em apenas cinco anos. em 2007, o setor contava com 9,3 mil micros e pequenas empresas na área, já em 2012, o número cresceu para 21,7 mil. Segundo entrevista dada ao site de Luiz Barretto, presidente do Sebrae: “Há dois fatores para esse aumento no volume de academias. O primeiro deles é a busca por uma melhor qualidade de vida, mais saudável. E o segundo é o aumento de renda. Essa união gerou muitas oportunidades”, ressalta.
Cuidado com os excessos
Rodolfo Cambota é médico do esporte e fala sobre a ascensão da cultura de praticar exercícios físico e esporte. Apesar de ser algo positivo, os adeptos devem ficar atentos para não pecarem pelo exagero. “Tem sido mais comum, nos consultórios de ortopedia atendermos lesões relacionadas ao esporte e excesso de atividade física. As pessoas devem perceber que o que importa não é a quantidade ou tempo de um exercício, ou atividade, mas sim a qualidade com que todas as valências destes são executadas. Quanto mais benfeito, melhores e mais saudáveis serão os resultados”. Ele diz que a presença do educador físico ou personal trainer tem um papel fundamental nessa hora, pois é ele quem está diretamente com as pessoas dentro das academias. “Além desses dois profissionais nas academias ou fora delas também podem auxiliar os médicos do esporte ou até mesmo fisioterapeutas em alguns casos”, diz.
O médico ressalta que outro grande problema são alguns mitos que surgem dentro das academias: “O professor deve saber frear os alunos quando estão exagerando, esse é um dos papeis dele, e de fundamental importância”. Ele ainda explica que o tempo da atividade física não é relevante, mas que o excesso nunca é bom: “Tudo depende da modalidade, é preciso diferir esporte de exercício não são a mesma coisa, diria que o ideal seria algo em torno de 1 hora de atividade três vezes por semana, já é razoável e te daria bons resultados, lembrando que deve haver qualidade independente da escolha”.
Era fitness
De acordo com Rodolfo não há padrões estabelecidos para o corpo ideal. O que ocorre são os padrões estéticos, ditados por fenômenos midiáticos que podem variar com o tempo e geração. “No passado mulheres curvilíneas eram o modelo de corpo ideal. No início deste milênio vivemos a moda das mulheres supermagras e agora estamos no auge das mulheres musculosas. Impossível determinar qual dos 3 estereótipos é o mais saudável somente pelo visual”, diz. Segundo ele, corpo perfeito para a medicina é o corpo saudável, independente de sua aparência. “O objetivo é gozar de saúde plena para realizar as atividades diárias sem dificuldades e estar livre das doenças crônicas ligadas à falta de exercícios”, explica.
O médico ressalta que o exercício físico é indiscutivelmente benéfico ao organismo quando praticado de forma adequada. Este visa melhora da aptidão física, seja no esporte ou no cotidiano, com consequente melhora da qualidade de vida. “O crescimento no número de academias é um fenômeno mundial, também vivenciado no Brasil. Nos últimos anos os meios de comunicação buscam esclarecer a população quanto aos benefícios dos cuidados com o corpo. A melhora do acesso à saúde nas últimas duas décadas e o crescimento econômico possibilitaram que mais pessoas dedicassem tempo e dinheiro à prática de exercícios físicos”, ressalta. Para ele, boa parte dos novos frequentadores das academias está em busca do corpo perfeito. Entretanto, uma expressiva parcela dos alunos busca melhora da sua condição de saúde, tratando ou evitando patologias diversas associadas ao sedentarismo.
Rodolfo esclarece que não necessariamente o indivíduo precisa estar em uma academia convencional para deixar o sedentarismo, muito pelo contrário, existem outras opções interessantes. “Há várias maneiras de fugir do sedentarismo sem frequentar uma academia convencional. Além de diversas modalidades esportivas como o tênis, squash, futebol e artes marciais, estão na moda as corridas de rua que, quando praticadas com orientação adequada, auxiliam na manutenção de uma vida saudável”, relata o médico.
Ponto positivo
O presidente do Cref14/GO-TO, faz uma linha histórica que aponta, de acordo com seu ponto de vista, os motivos que levaram ao aumento no número de academias no País e em Goiás. “Os EUA são o país que tem o maior número de academias, o Brasil é o segundo, porém caminha a passos largos para ultrapassá-lo. A Educação Física, ou a ginástica sistematizada, veio para o Brasil no início do Século XX, trazida pelos alemães, franceses e suecos, aqui encontrou um povo culturalmente ávido por movimentar-se (dançar, lutar, nadar, jogar futebol, capoeira, samba, etc.)”, diz. Para ele, o grande impulso para o crescimento das academias, e mesmo a proliferação de faculdades de Educação Física, se deu em razão do reconhecimento da Educação Física como profissão da área de saúde pelo Conselho Nacional de Saúde. “Isso ocorreu no ano de 1997, outra causa foi a regulamentação da profissão através de lei federal em 1º de setembro de 1998, criando órgãos de orientação, fiscalização e disciplinamento da profissão de Educação Física”, ressalta.
Rubens dos Santos Silva é presidente do Cref 14/GO-TO desde a data de sua criação em 2008, e viu de perto o crescimento do número de academias no Estado. “Tem aumentado à sobrecarga. Nos últimos 5 anos a demanda da fiscalização cresceu em média 25%. Entretanto o Cref conta com o apoio da Vigilância Sanitária, Procon, Ministério Público, polícias Civil e Militar”, diz. Ele cita que há um crescimento expressivo de pessoas denunciando o exercício ilegal do profissional de Educação Física, bem como a ocorrência de estabelecimentos com ambientes inadequados para uso. “É muito importante que as pessoas ao procurarem academias, verifiquem se na recepção, em local visível tem o certificado de registro no Cref, se os profissionais possuem a identidade profissional e se os estagiários tem o acompanhamento de um supervisor e está com a documentação em dia”, explica.
Para Rubens, até então as academias eram ambientes escuros, frequentado exclusivamente por jovens do sexo masculino praticantes de halterofilismo (levantamento de peso). “Atualmente toda a família tem espaço garantido nas academias: ginástica para a gestante, natação para bebês, diversas opções divertidas e criativas para jovens e adultos, bem como para as vovós e vovôs, que para uns estão na 3ª idade, mas para eles ‘a melhor idade’”, diz. Outro ponto positivo, segundo o presidente, foi a elevação do status da educação física à profissão da área de saúde, ela passou a ser recomendada com maior segurança por médicos, psicólogos, nutricionistas. “Certamente tal aspecto reforça a procura por academias. Um fator importante é o papel dos meios de comunicação que diariamente divulgam os benefícios da atividade física estimulando as pessoas a praticá-la, além das pesquisas científicas que a cada dia aumentam e comprovam os benefícios da prática de atividade física”, cita. Em Foz do Iguaçu, no Paraná, sede da Federação Internacional de Educação Física (Fiep), há 29 anos acontece o maior congresso de Educação Física do mundo, no qual anualmente são publicados cerca de 700 artigos científicos, o que demonstra a idoneidade e responsabilidade com a qual a área está se desenvolvendo.
De acordo com Rubens, o povo goianiense está deixando o sedentarismo de lado e buscando mais a atividade física. “O número de academias tem aumentado acima do crescimento médio da economia. Contudo segundo pesquisa da Associação Brasileira de Academias, com sede em São Paulo, o número de brasileiros que frequentam academias não chega a 3% da população, enquanto que nos EUA estima-se que 7% da população frequentam academias. Em Goiânia não é diferente, menos de 3% da população tem acesso a academias”, diz. Para o presidente tal índice não é positivo, pois dados do Ministério da Saúde apontam que em Goiânia cerca de 53% da população está acima do peso ideal, o que potencializa o risco de doenças crônicas (hipertensão, diabete, osteoporose, obesidade, etc.). “Acreditamos que seja necessário ampliar os espaços para a prática de exercícios físicos: academias, escolas, parques, logradouros, praças, rios e lagos, mas para isso é preciso garantir segurança, equipamentos adequados e principalmente acompanhamento profissional”, ressalta.
O papel do Cref é orientar, fiscalizar e disciplinar o exercício profissional. Rubens explica que é exigido dos estabelecimentos um responsável técnico para cada academia, não sendo permitido que esta funcione sem profissional de Educação Física. Além disso, os estagiários devem ter acompanhamento de um profissional para supervisioná-lo. “Os ambientes devem ser arejados, bem iluminados e seguros. Os equipamentos precisam estar em bom estado de conservação”. Um ponto relevante para o presidente é o combater ao exercício ilegal da profissão, ou seja, pessoa sem formação científica, técnica e compromisso ético se passando por profissionais de Educação Física. “Mesmo após 15 anos de regulamentação da profissão, alguns professores de faculdades estimulam os acadêmicos atuarem na clandestinidade, sem o devido registro profissional e, portanto, sem o compromisso ético estabelecido em lei. Tabu já superado por outras profissões da área de saúde regulamentadas há mais tempo como medicina, odontologia, fisioterapia, nutrição, psicologia e outras”, esclarece.
Preços salgados
Segundo texto publicado pela Secretaria Municipal de Comunicação (Secom) no site da prefeitura de Goiânia, nos dias 03 e 11 de novembro foi realizado em Goiânia uma fiscalização do Procon-GO, para averiguar a variação de preços entre as academias na Capital. A diferença de valores chega a ser de 690% de uma para outra, a pesquisa feita em 11 estabelecimentos. Segundo os dados coletados as mensalidades podem variar de R$ 50 à R$ 395, o preço para quem quiser fazer apenas musculação está em torno de R$ 105, para atividades aeróbicas como, por exemplo: ritmos, pilates e jumping, podem variar em mais de 58%. As lutas estão variando entre R$ 60 e R$ 120.
De acordo com a pesquisa, os preços mais altos têm justificativas, os empresários e alunos ouvidos na pesquisa dizem que essa diferenciação no valor das mensalidades é uma demonstração de que há qualidade nos serviços oferecidos pelas academias em questão. Além disso, a modernidade dos equipamentos, qualificação dos profissionais que atuam no local, fácil acesso e estacionamento são outros pontos que contam na hora de pagar a conta.
De acordo com o portal de notícias do Sebrae, o número de pessoas em busca de informações para investir no ramo fitness é grande. Para quem pensa em ingressar na área e abrir sua academia, além da parte burocrática é preciso ficar atento ao mercado e em como administrar o negócio para fazê-lo dar certo. Seguem algumas dicas de como iniciar e se manter bem no mercado:
- Para se tornar mais competitivo, é importante dimensionar o conjunto de serviços que serão agregados e avaliar o custo-benefício desses serviços.
- Investir na qualidade do serviço e tornar o ambiente agradável. Contratar profissionais atenciosos, respeitosos e interessados pelo cliente e oferecer comodidades adicionais, a exemplo de estacionamento.
- Procurar fidelizar a clientela com ações de pós-venda, como: remessa de cartões de aniversário, comunicação de novos serviços e novos produtos ofertados, contato telefônico lembrando eventos e promoções.
- A presença do proprietário em tempo integral é fundamental para o sucesso do empreendimento.
- É vital participar de feiras e eventos que reúnam expositores do segmento, a fim também de estabelecer contato com novos fornecedores e práticas.
- Distribuir bem os horários para ampliar o alcance do público.
- Oferecer uma boa variedade de opções de modalidades individuais e coletivas para homens e mulheres.
- Inscrever a equipe em eventos esportivos públicos (maratonas, corridas e torneios).
- Avaliar a oportunidade de instalar no local loja de roupas e artigos de ginástica, salão de beleza, loja de suplementos, lanchonete, etc.
- Avaliar constantemente o benefício de terceirizar serviços (médicos, informática, limpeza) para melhorar a lucratividade.
- Investir com frequência em marketing.
- Contratar bons profissionais.
- Trabalhar com especialistas.
- Manter uma programação diversificada para todas as idades.
- Renovar a programação pelo menos a cada três meses.
- Supervisionar adequadamente o trabalho dos professores para assegurar a atenção a todos os alunos democraticamente, evitando a formação das chamadas “panelinhas”.
- Formar um grupo de alunos antes mesmo da inauguração.
- Firmar convênios com escolas, condomínios e empresas, oferecendo demonstração de aulas.
- Manter trabalhos voltados para o público de terceira idade.
- Definir uma boa estratégia de preços para conquistar market share sobre os competidores mais caros, observando que qualquer pressão desses concorrentes para baixar os preços pode forçar você a baixar os seus também.
Fonte: http://www.dm.com.br/texto/159790-aumenta-em-21-o-namero-de-academias-em-goiania