Para qualquer profissional de educação física que você perguntar pra que serve a avaliação física terá basicamente as mesmas respostas: para montar um treino com segurança… para o professor conhecer o aluno… saber os limites… e por ai vai, (o que está correto!) Mas se pensarmos nas aulas de ginástica como isso funciona? Será que o professor consegue adequar a aula as limitações do aluno? O professor no intervalo das aulas tem condições de direcionar o aluno para as aulas mais indicadas para o seu objetivo e condição inicial? E se o aluno fez algumas aulas antes da avaliação física e após a avaliação não muda nada na sua rotina, será que ele não vai se perguntar: pra que serviu a avaliação física?
Tá, eu sei que é extremamente complicado montar um processo onde o professor de ginástica consiga olhar a avaliação de cada aluno e fazer as adaptações de cada aula que ele for participar, mas podemos pensar em algumas práticas que podem melhorar essa relação quase inexistente entre a avaliação física e a ginástica.
Havendo a possibilidade de usar as ferramentas da tecnologia, durante a avaliação o aluno informaria quais aulas pretende fazer nos próximos dias e em um totem com cpu nas salas de aulas onde o professor minutos antes de iniciar seria informado que um novo aluno faria sua aula e poderia visualizar suas limitações e informações na tela, perfeito não!?
Mas vamos ser realistas, quantas academias tem condições de ter esta estrutura? Então qual seria a solução para a maioria das academias?
O AVALIADOR! Ele será o principal elo entre a avaliação física e as aulas de ginástica, para tanto é necessário que o avaliador esteja em total integração com a academia e saiba exatamente quais são as aulas que a academia oferece, suas adaptações e indicações. Durante o processo da avaliação o avaliador sabendo das aulas pretendidas pelo aluno faz as devidas correlações com os testes, mas sempre pensando nas aulas. Por exemplo: Na avaliação postural o avaliador informa para o aluno da musculação que o professor sabendo dos desvios que ele possui fará as devidas adequações no treino para não prejudicar sua postura. Já para um aluno que pretende participar de aulas como o Body Pump o avaliador explica quais são seus desvios e os cuidados que deve ter na execução dos movimentos, pode recomendar usar o espelho para verificar o alinhamento dos ombros, e assim por diante em cada teste.
Às vezes simples informações podem mudar a experiência do aluno na academia, o bom avaliador percebendo o perfil do avaliado consegue recomendar aulas em que ele se “encaixe” melhor, se uma aluna tímida e sem uma boa vivência corporal começa suas atividades na academia com uma aula de Step muito provavelmente não terá uma boa experiência, pois não acompanhará os demais, chamando a atenção pra si e gerando um desconforto, talvez pra essa aluna seja mais interessante fazer uma aula de bike indoor, onde teoricamente ela irá acompanhar todos, não chamará atenção e terá muito mais prazer de fazer a atividade.
É importantíssimo facilitar os processos dentro da academia, se o aluno chega para fazer a aula com uma boa carga de informações fica muito mais prático para o professor se dedicar as instruções da aula, ao final da avaliação física o avaliador juntando todas as informações como objetivo, limitações, condição física inicial e principalmente perfil, pode junto com o aluno preparar uma programação de aulas para ele, com o quadro de aulas em mãos (sempre deve ter na sala de avaliação) sugerir quais aulas seriam interessantes para ele, aquelas que são fundamentais para o seu objetivo, aquelas que ele fará eventualmente quando dispuser do horário, é importante que o aluno perceba que é muito diferente fazer um monte de aulas aleatórias do que fazer um planejamento para estas.
Em resumo, o avaliador tem que ter condições de explicar para o aluno como funciona cada aula e suas relações com o pretendido, e sempre que possível o professor ter acesso as avaliações, para o professor de ginástica no dia a dia pode até passar despercebido essa relação da avaliação física com a ginástica, mas ele terá um aluno iniciante com muito mais informações e preparado para sua aula, já para o aluno ficará claro sua importância e utilidade para a principal razão das academias: Proporcionar meios para o aluno alcançar os seus objetivos.
Ricardo Camargo é Proprietário da ELEVATOfit, MBA em Marketing e Gestão de Clientes, palestrante de cursos sobre avaliação física.