Qual é o limite da dose de influência?
Um dos ensinamentos mais repetidos é o de que, se queremos sucesso na vida, precisamos entender o que as pessoas de sucesso fizeram e eu não poderia concordar mais. Existe um livro de gosto duvidoso – que deve ser lido com ressalvas – chamado “As 48 leis do poder”, que diz na lei #10 para evitar o infeliz e o azarado, pois eles vão fazer você falhar pelo contágio. Levo essa lei pra vida.
É triste ver gente que leva uma vida miserável em todos os aspectos, admirando gente quase tão miserável quanto elas, se deixando influenciar e, devagarinho, fazendo da mediocridade alheia o ápice da sua própria vida.
Por outro lado, temos grandes exemplos a serem seguidos. Artistas, empresários, ou qualquer pessoa entre nós que tenha feito algo extraordinário. Acho legítima (e tentadora) a vontade de querer entender e copiar os modelos que consideramos bem sucedidos.
Ao empreender, não é diferente. Vemos empresas que admiramos, que são amadas e nosso primeiro impulso é tentar descobrir a fórmula do sucesso para repeti-la. Aí está o paradoxo, pois as empresas e pessoas que admiramos normalmente inventaram algo único. Elas não chegaram lá copiando fórmulas. Elas certamente foram influenciadas, mas criaram seu próprio modelo e foram pro tudo ou nada em busca do seu próprio sucesso. É por isso que são extraordinárias.
O exemplo que mais gosto vem da música: as influências dos Beatles eram diversas, de programas de televisão a revistas em quadrinhos, passando por música de vários lugares do mundo e até mesmo religiões exóticas. A influência do Oasis era a música dos Beatles.
Fácil verificar quem revolucionou a música e até uma série de comportamentos e quem conseguiu, quando muito, repetir uma fórmula que deu certo.
Se queremos que nossas empresas ou nós mesmos sejamos extraordinários e admirados, podemos sim nos deixar influenciar por tudo que dá certo ao nosso redor, porém, o segredo é se inspirar para a criação de algo único e ousado, que possa ser levado para o tudo ou nada.
Para resumir, uma coisa é você gostar de Metallica. Você pode se influenciar pelo som dos caras e junto com outras influências, criar seu próprio som, o que é ótimo. Querer ser o Metallica é idiotice. Você pode querer ser melhor, mas seja diferente.
Ficar repetindo retalhos de sucesso alheio não vai fazer você ser nada além de medíocre. Se inspirar na coragem, criatividade, ousadia e inteligência, vai aumentar as chances de criar alguma coisa única que muda positivamente a vida de muitas pessoas.
A começar pela sua!
Fonte: https://valerioferreira.com/2017/10/20/o-paradoxo-da-influencia/