Recentemente parece uma caçada, literalmente, o que algumas academias enfrentam para completarem seus quadros de professores quando um professor deixa a empresa ou elas precisam ampliar seus quadros por qualquer motivo. Grupos de vagas de emprego, proliferam nas redes sociais e não menos as ofertas de vagas. Me parece uma coisa bem contraditória, uma vez que cada vez mais se formam profissionais de Educação Física nas Universidades.
As empresas não olham/olharam para o mercado, que mudou muito, nos últimos tempos e as ofertas “tradicionais” não são mais atraentes? Será que não temos profissionais qualificados para preencher essas lacunas? Os dois?
Em uma pesquisa que está sendo desenvolvida em um programa de mestrado da Ibmec-RJ, dentre outras coisas pesquisadas, questionam a relação carga de trabalho, remuneração e plano de carreira de uma empresa Low Cost (pesquisa em várias unidades). A maioria esmagadora dos entrevistados (profissionais registrados desta empresa) não vislumbra deixar a empresa em um período de médio a longo prazo. O motivo? Vários! E todas as variáveis da relação citada anteriormente estão relacionadas para essa fidelidade destes profissionais. Mas, uma que chama muita atenção está ligado à remuneração e plano de carreira, sendo está última o fator de maior peso, como podemos notar no relato dos profissionais entrevistados abaixo.
“Bom, as vantagens é que nossa hora aula é a mais alta que tem pra área de musculação e todo salário ele é na carteira. O conta cheque também diferente das outras que eles dão um valor e tem um segundo valor que é a parte. A xxxx também tem o benefício do plano de saúde e passagem que algumas academias você assina para não receber a passagem. E a xxxxx ela dá todos os direitos do colaborador.” Professor x
“É, aqui na xxx a gente tem um plano de carreira. Então você começa como colaborador, professor e passa para líder rotativo e depois líder pleno, sênior e pode chegar até gerente regional e diretor da empresa, todos no segmento da EDF..” Professor x
“Cara, pela minha experiência, é… Eu nunca tive uma academia que me motivasse tanto a trabalhar. Eu nunca senti tão acolhido enquanto a equipe. Como eu sou aqui. Nas outras experiências que eu tive eu não sentia, é… Essa, como é que se diz? Esse gás para trabalhar. Porque eram empresas que não tinham… Ai, vem a vantagem! Você não tinham emancipação, você não tinha onde crescer. Ali você ia morrer no salão. Entendeu? Aqui não. Aqui você tem cargos para você alcançar. Tem cargos para você almejar. Isso incentiva muito. Entendeu?” Professor y
As relações citas induzem sim para uma possível manutenção do profissional e principalmente o interesse dele em ser recrutado pela empresa.
Em 2013 os autores Ferreira, Amorim e Farias (2013) identificaram os fatores motivacionais para os profissionais de Educação Física. Salário, possibilidade de crescimento, valorização, carteira assinada e tempo com a família, nesta ordem apareceram como fatores motivacionais, e o que os profissionais valorizam na hora de escolher um emprego. Essa visível falta de motivação para o recrutamento não é um fato novo, pois outros 2 estudos mais antigos já citavam esses problemas, relatando a baixa remuneração como desmotivador da carreira e mais as formas instáveis de salários, mudanças nos planos de direitos e formas de contratação, jornadas de trabalho e perspectiva de carreira, podem também gerar essa instabilidade.
Desta maneira, acredito que afim de mudar essa “crise” que se vê na atração e contratação de profissionais capacitados, está na hora das empresas fitness reavaliarem seus processos administrativos, olhando para o que a ciência e o mercado dizem, elevando a empresa à um patamar mais profissional. E seus planos de cargos e salários, para tornar suas ofertas de emprego mais atraentes aos tão sonhados “bom profissionais”, de maneira que o processo de recrutamento passe a ser menos doloroso e mais interessante para o mercado como um todo.
Rafael Fernandes
Mestrando em Administração Estratégica
Especialista em gestão de empresas de fitness e wellness
Especialista em Administração e Marketing esportivo.
Gerente geral academia Vittoria CrossFit- Unidade Freguesia II
Coordenador academia Bodytown
Colunista dos sites: oportunidadefitness.com e gestaofitness.com.br
Pesquisador na área de gestão no fitness
Palestrante e consultor de academias
Professor de Educação Física (CREF 027635)
Contato: (21) 981760350
Rafaelfferreira84@gmail.com
Referências:
FERREIRA, R. F. ; AMORIM, I. ; FARIAS, E. . O Mercado de Trabalho no Segmento Fitness: uma análise crítica.. The FIEP Bulletin, v. 83, p. 032-033, 2013.
JUNIOR, Juarez Alves Neves; TOURINHO, Maria Berenice Alho da Costa. Perfil Motivacional para o Trabalho dos Colaboradores de Fitness.
KRUG, R. R., DAMÁSIO, W., DA CONCEIÇÃO V. J. S., KRUG H. N., Perfil dos profissionais de Educação Física que atuam em academias de musculação na região central da cidade de Criciúma/SC. In: SIMPÓSIO NACIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA, 27., 2008, Pelotas. Inclusão: os caminhos da Educação Física e do esporte na promoção de um estilo de vida ativo. Anais… Pelotas: ESEF/UFPel, 2008.